O termo morfologia (morfo = forma) é empregado como sinônimo de anatomia. Sendo que, na anatomia, a preocupação inicial é a descrição da forma. O conhecimento da forma auxilia no entendimento de sua função.
A palavra cadáver é um velho acróstico latino. Caro data vermibus significa: carne dada aos vermes. Ao ser manipulado em sala de aula, a peça merece respeito e cuidado, a exemplo do legado transmitido por Carl von Roktansky (1804-1878), médico e estudioso da anatomia patológica. Dissector obsessivo, ele nos deixou uma das máximas da anatomia: a meditação ao cadáver desconhecido.
Ao cadáver desconhecido:
“Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que esse corpo nasceu do amor de duas almas; cresceu embalado pela fé e esperança daquela que em seu seio agasalhou, sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens. Por certo amou e foi amado, e sentiu saudades de outros que partiram, esperou um amanhã feliz, e agora jaz na fria lousa, sem que por ele se derramasse uma lágrima sequer, sem que houvesse uma só prece, seu nome só Deus o sabe, mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que por ele passou indiferente. Tu, que tivestes o teu corpo perturbado em teu descanso profundo, por nossas mãos ávidas de saber, o nosso respeito e agradecimento.”
Variação anatômica: é uma alteração da forma ou posição do órgão, porém, não causa prejuízo na função. Ex: destrocardia (coração com seu ápice inclinado para o lado direito).
Anomalia: é uma alteração da forma ou posição do órgão, que causa prejuízo na função, sendo compatível com a vida. Ex: ausência de membros (amelia), fenda palatina.
Monstruosidade: é uma alteração da forma ou posição do órgão, que causa prejuízo na função, incompatível com a vida. Ex: anencefalia (ausência do encéfalo).
– Idade: já foi discutido que o biodesenvolvimento gera variações anatômicas. Podemos citar como exemplo que o número de ossos em um recém-nascido é em torno de 300. Já de um adulto jovem é de 206. Durante o desenvolvimento, há uma fusão de ossos;
– Gêneros: diferenças entre os gêneros masculino e feminino são visíveis externamente, como as genitálias, deposição de gordura, diferença da largura dos ombros em relação a largura do quadril (no homem, geralmente, os ombros são mais largos que o quadril);
– Etnia: as diferentes etnias provocam variações específicas no organismo, como: o aparelho locomotor do afrodescendente é muito mais resistente e capaz de gerar mais força, se comparado ao de um caucasiano de mesmo biótipo;
– Biótipo (são diferenças físicas, geralmente hereditárias, que podem ser alteradas por fatores ambientais). Os biótipos são classificados em:
– Longilíneo: apresenta pescoço longo, tórax estreito e predominante sobre o abdome, membros delgados e compridos;
– Brevelíneo: pescoço curto, tórax largo, sendo menor que o abdome, e membros grossos e curtos;
– Mediolíneo: apresenta características intermediárias entre os dois tipos anteriores.
• epitelial (de revestimento);
• conjuntivo (com grande diversificação celular, formando os ossos, cartilagens, gordura e sangue);
• muscular (caracterizado pelo poder de contração de suas células);
• nervoso (capaz de gerar e conduzir impulsos eletrolíticos).
Quando os diferentes tecidos se reúnem, temos a formação dos órgãos. A reunião de diversos órgãos, que desempenham atividades funcionais em comum, constitui os sistemas orgânicos.
Os sistemas que possuem interdependência funcional formam os aparelhos (exemplo: aparelho locomotor – função de locomoção, formado pelos sistemas ósseo, articular e muscular). Por fim, os aparelhos constituem o organismo.
O quadro abaixo organiza os sistemas orgânicos e, quando ocorrer, a formação dos aparelhos:
Sistema |
Aparelho |
|
Ósseo |
esquelético* |
locomotor** |
Articular | ||
Muscular | ||
Circulatório |
nutrição |
|
Respiratório | ||
Digestório | ||
Urinário |
urogenital |
|
Genital masculino |
reprodutor |
|
Genital feminino | ||
Nervoso |
regulação |
|
Endócrino | ||
Tegumentar |
* Os sistemas ósseo e articular formam o aparelho esquelético, termo conhecido muitas vezes como sistema esquelético. Acreditamos que, por se tratar de dois sistemas envolvidos com a formação do esqueleto, o termo mais apropriado seja aparelho.
** O aparelho locomotor é formado genericamente pelos sistemas: ósseo, articular e muscular. De maneira mais ampla, podemos adicionar o sistema nervoso, responsável pela elaboração e transmissão dos impulsos nervosos e, o sistema circulatório, envolvido com a irrigação e drenagem.
O estudo dos órgãos dos sentidos é realizado a parte, denominado de estesiologia (grego aisthesis, sensação). São eles:
• audição (orelha e via da audição);
• visão (olho e via da visão);
• paladar (língua e via da gustação);
• olfato (mucosa olfatória e via da olfação);
• tato (receptores e vias sensitivas).
Os membros superiores são divididos em: ombro (seguimento denominado de raiz do membro, pois está ligado ao tronco), braço, cotovelo, antebraço, punho, mão e dedos (os dedos são numerados de 1 a 5, iniciando no polegar).
Os membros inferiores são divididos em: quadril (raiz do membro), coxa, joelho, perna, tornozelo, pé e dedos (os dedos são numerados de 1 a 5, iniciando no hálux).
CAVIDADE |
CONTEÚDO |
Craniana |
Encéfalo, nervos cranianos, vasos sanguíneos, meninges e líquido cerebrospinal. |
Torácica |
Pulmões, pleuras, coração, pericárdio, vasos sanguíneos e linfáticos, linfonodos, nervos, traqueia, esôfago e timo. |
Abdominal |
Esôfago, estômago, intestinos delgado e grosso, pâncreas, fígado, vesícula biliar, baço, vasos sanguíneos e linfáticos, linfonodos, rim e ureter. |
Pélvica |
Ureter, bexiga urinária, uretra, órgãos genitais masculinos e femininos internos e parte do intestino grosso. |
O indivíduo em posição anatômica:
– Está em pé (posição ereta ou ortostática);
– Cabeça voltada anteriormente e o olhar na linha do horizonte;
– Membros superiores pendentes ao longo do tronco, com as palmas das mãos voltadas anteriormente;
– Membros inferiores justapostos, com os dedos dos pés direcionados anteriormente.
• Plano anterior, tangente à parte anterior do corpo;
• Plano posterior, tangente à parte posterior do corpo;
• Plano lateral direito, tangente à parte lateral direita do corpo;
• Plano lateral esquerdo, tangentes à parte lateral esquerda;
• Plano superior, tangente à parte superior do corpo,
• Plano inferior, tangente à parte inferior do corpo.
Os planos sagitais, divididos em:
• Plano sagital mediano: é paralelo aos planos laterais de delimitação, divide o corpo humano ao meio, em duas metades semelhantes (direita e esquerda);
• Plano sagital paramediano: é paralelo ao plano sagital mediano, dividindo o corpo em metades distintas. Os cortes sagitais paramedianos se estendem do plano sagital mediano até o plano lateral (direito ou esquerdo).
O plano horizontal (transversal) é paralelo aos planos superior e inferior de delimitação, divide o corpo humano em partes superior e inferior. Os cortes horizontais se estendem entre os planos superior e inferior.
O plano frontal (coronal) é paralelo aos planos anterior e posterior de delimitação, dividindo o corpo humano em partes anterior e posterior. Os cortes frontais se estendem entre os planos anterior e posterior.
– Anterior: voltado ou mais próximo do plano anterior;
– Posterior: voltado ou mais próximo do plano posterior;
– Superior: voltado ou mais próximo do plano superior;
– Inferior: voltado ou mais próximo do plano inferior;
– Medial: mais próximo do plano mediano;
– Lateral: mais próximo do plano lateral;
– Intermédio: entre uma estrutura lateral e outra medial;
– Proximal: mais próximo da raiz do membro;
– Distal: mais distante da raiz do membro;
– Médio: entre uma estrutura proximal, distal; superior, inferior, anterior e posterior;
– Superficial: mais próximo da superfície (acima da fáscia muscular);
– Profundo: mais distante da superfície (abaixo da fáscia muscular);
– Interno: no interior de um órgão ou de uma cavidade;
– Externo: externamente a um órgão ou a uma cavidade;
– Oral: próximo a boca (utilizado no trato digestório);
– Aboral: distante da boca ((utilizado no trato digestório);
– Montante de um vaso: ínicio, origem do vaso (de onde é oriundo);
– Jusante deu um vaso: término, parte final (desembocadura ou ramificação).